Technovation Girls: Floripa nas semifinais do desafio mundial de tecnologia

Technovation Girls: Floripa nas semifinais do desafio mundial de tecnologia

Com aplicativo para ajudar minorias no acesso a vagas de emprego, equipe vai representar a capital entre mais de 100 times de 22 países diferentes


Os semifinalistas foram divulgados pela organização mundial do Technovation Girls no dia 18 de junho. O Brasil vai ter onze representantes na próxima etapa do desafio, concorrendo com as equipes de todo o mundo. Por meio do desenvolvimento de um aplicativo, o programa busca incentivar a participação de mulheres no mercado da tecnologia e do empreendedorismo.

Entre os times escolhidos, está o Mulheres em Ação, a equipe de Florianópolis é uma das catarinenses que submeteram seus projetos na temporada 2020 do desafio. Os trabalhos começaram em fevereiro, com encontros presenciais, mas por medida de segurança devido ao novo coronavírus, as reuniões foram suspensas e o desenvolvimento do trabalho seguiu de forma on-line. A aluna Sophia conciliou as tarefas à distância enviadas pela escola com os encontros da equipe: “quando começaram os encontros virtuais foi meio difícil, mas depois eu me acostumei”, conta. Organizar horários e definir o cronograma de tarefas foi fundamental para entregar o aplicativo e cumprir todos os requisitos necessários para a avaliação dos jurados.

Incentivo que vem de berço

Sophia e a mãe Juliana

Juliana Shiraiwa, mãe da Sophia é uma pessoa apaixonada pela proposta do Technovation Girls. Desde que conheceu o projeto em 2015, sempre participou ativamente como divulgadora, mentora e agora embaixadora. Ele viu o projeto crescendo aos poucos, ano a ano aumentando o número de participantes e estava realizada com os números desta edição, a maior de todas. Essa paixão pela tecnologia e também por inspirar e emponderar mulheres e meninas a empreender foi algo que sempre fez parte da vida de Juliana e, é claro, este incentivo e apoio da família foi o que não faltou à pequena Sophia. “Eu sempre pensava no dia em que a Sophia estaria ali. Em 2019 ela foi conferir o pitch. Adorou, mas ficou nervosa com as apresentações. Viu as meninas nervosas, mas também as achou muito corajosas por estarem lá. Este ano, foi ao primeiro encontro apenas me acompanhando, mas depois convidou duas amigas para participarem e aí está ela na semifinal mundial”.

Juliana lembra ainda que as dificuldades da modalidade virtual impediu algumas meninas de participarem. “Infelizmente duas meninas da equipe tiveram que sair e uma mentora também, mas a ideia delas e o que elas construíram juntas se manteve no projeto. E assim esse time foi desenvolvendo o aplicativo, transpondo os obstáculos e entregando a tempo”.

O aplicativo

O aplicativo criado pela equipe chama-se Get A Job (em português: conseguir um emprego), a proposta da plataforma é reunir vagas abertas e dicas para inserção no mercado de trabalho de mulheres e pessoas com qualquer tipo de limitação. A ideia foi escolhida a partir de experiências pessoais relatadas pelo time, todas as integrantes tinham exemplos de familiares com dificuldades para conseguir um trabalho por causa de necessidades especiais. “As funcionalidades foram pensadas nos familiares delas e

como elas poderiam ajudar a resolver o cenário. Através de pesquisas elas elaboraram oito dicas de como encontrar o emprego desejado. Eu acredito que é um diferencial que pode ter levado elas para a semifinal”, explica Daniela Amorim, analista de sistemas e uma das mentoras no grupo.O projeto concorre na categoria junior, para meninas de 10 a 14 anos.

 

O time semifinalista é composto por duas estudantes e três mentoras. Sophia Rodrigues, de 10 anos, é aluna na Escola da Fazenda, no bairro Campeche, e Melissa Albuquerque, de 14 anos, é estudante da Escola Básica Prof.ª Herondina Medeiros Zeferino, nos Ingleses. Ambas participam do desafio pela primeira vez. Melissa, representante

Melissa Tavares

de escola pública, não esconde a alegria: “Fazer parte desse projeto foi muito legal para mim, foi uma troca de experiências. Mesmo com a pandemia nada nos tirou do nosso foco, eu estou muito feliz de estar na semifinal”! A escola Herondina inscreve equipes no Technovation Girls desde 2016, quando o programa começou em Florianópolis, e já coleciona histórias de meninas que transformaram o futuro a partir da iniciativa, Giselle de Medeiros, professora de tecnologia educacional e embaixadora do Technovation Girls, confirma: “foi um projeto abraçado pela gestão escolar e pela comunidade, entendendo que o desenvolvimento de aplicativos a partir de problemas reais, contribui para o empoderamento feminino e também para a construção de conhecimentos”.

Florianópolis começou a temporada com mais de 130 participantes e 15 equipes, a capital catarinense é uma das referências do país em participações no Technovation Girls. Com o desafio de cumprir todas as etapas do programa on-line, apenas quatro times da capital conseguiram seguir na competição. “Estas meninas são o exemplo de pessoas que o nosso mundo precisa, de pessoas que não ficaram paradas frente a uma crise, que querem ser parte da mudança”, comemora Julia Machado, embaixadora do programa.

Selecionado após uma avaliação virtual, o time Mulheres em Ação se junta aos demais representantes brasileiros na semifinal, e agora concorre com mais de 100 times de 22 países diferentes. Os 10 finalistas serão conhecidos na primeira quinzena de julho. Para Juliana, mãe e embaixadora o sentimento é ainda mais intenso. “Vê-las na semifinal é muito gratificante por elas, meninas e mentoras. É ver esse trabalho sendo reconhecido e nos dando muito fôlego para as próximas edições, querendo que cada vez mais meninas participem”, reforça Juliana.

Mentoria à distância

As equipes que continuaram foram muito guerreiras, pois a equipe organizadora comunicou que não conseguiria dar o apoio necessário como nos encontros presenciais, e o trabalho das mentoras foram essenciais para que os projetos continuassem.

Compartilhando toda sua experiência profissional, Ana Zanini Goetten, mentora de negócios do grupo, explica que participar do Technovation foi também um grande aprendizado. “Atuar como mentora foi uma ótima oportunidade, aprendi muito com meninas tão jovens e tão determinadas, cheias de ideias, que não se deixaram abater. Aprendi sobre como ensinar e aprender, a ter paciência e ser compreensiva. Foi uma experiência espetacular! Tínhamos receio do engajamento das meninas e do desgaste com as atividades. E, foi aí que nos surpreendemos ainda mais com as atitudes, dedicação e empenho delas”, reforça Ana.

Individualmente ou em grupo, as mentorias seguiram sempre respeitando as habilidades individuais e procurando manter um clima de motivação e organização, explica Vânia Monteiro, mentora de marketing do grupo. “Encorajar e dar o suporte necessário. Talvez o maior papel de um mentor é saber fazer a pergunta certa, aquela que te faz pensar fora da caixa. Foi isso que fizemos. Ouvimos muito, perguntamos muito, anotamos tudo, e elas decidiram e executaram o projeto do seu jeito. Essas meninas descobriram desde cedo o que é empreender em cenário de transformações e mudanças, mas também saborearam a alegria de chegar a uma semifinal mundial. Que esta determinação sirva de exemplo a muitas outras meninas”.

Sobre o Technovation Girls

É um programa mundial onde meninas de 10 a 18 anos desenvolvem aplicativos que tragam soluções para problemas da comunidade baseados nos Objetivos para Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. A iniciativa não-governamental surgiu em São Francisco (EUA) e está presente em mais de 100 países.

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