Paternidade responsável: obstáculo na carreira ou alicerce para líderes confiantes?

Paternidade responsável: obstáculo na carreira ou alicerce para líderes confiantes?

Por Estela Ramos – Doutora em Literatura e Especialista em Comunicação e Cultura Organizacional

Se você acha que a paternidade responsável pode ser um entrave para o crescimento no mundo corporativo, provavelmente está perdendo lições valiosas e profundas sobre comunicação e gestão de pessoas que a vida pode oferecer. No Brasil, a maioria dos pais não usufrui do direito à licença-paternidade e alega que o período poderia trazer prejuízos à carreira. Em um cenário onde muitas empresas operam de forma reativa, buscando resultados imediatos e negligenciando o planejamento estratégico, o medo desses profissionais é legítimo. Afinal, por décadas, a cultura corporativa premiou o homem disponível 24 horas por dia, sete dias por semana — aquele que não tem tempo para reuniões escolares ou noites mal dormidas, valorizado por colocar a empresa acima de tudo. O resultado foi a construção de um imaginário no qual o profissional sério e comprometido é aquele que abdica da vida pessoal para dedicar-se integralmente ao trabalho.

Surge, então, a pergunta incômoda: essa lógica ainda determina quem é promovido, ouvido e valorizado? Se a resposta for sim — e muitas vezes é —, significa que a cultura organizacional continua formando líderes que dominam processos, mas ignoram pessoas. Porém, o mundo mudou, e rápido. Hoje, em empresas com visão de futuro e nos mercados mais competitivos, a paternidade responsável deixou de ser um entrave e passou a ser reconhecida como espaço de desenvolvimento de habilidades essenciais à liderança e ao trabalho colaborativo.

De acordo com o Relatório do Futuro do Trabalho, publicado pelo Fórum Econômico Mundial, entre as competências mais valorizadas para 2025 estão resiliência, flexibilidade e agilidade (67%), liderança e influência social (61%), pensamento criativo (57%), motivação e autoconhecimento (52%), empatia e escuta ativa (50%), curiosidade e aprendizado contínuo (50%) e gestão de talentos (47%). E existe experiência mais promissora do que a parentalidade para desenvolver tais habilidades? Pais e mães sabem que não. É nesse contexto que a paternidade responsável potencializa a escuta empática, a comunicação coerente, o autocontrole e a resiliência, estimulando uma aprendizagem contínua a partir de tarefas executadas sem bônus, sem crachá e sem holofote, mas com impacto direto na forma como o indivíduo se percebe, estabelece relações e adquire novos conhecimentos.

Essa dedicação intencional, antes vista como fraqueza, tornou-se sinal de maturidade e faz parte do posicionamento daqueles que compreendem os benefícios da paternidade responsável não apenas para si, mas também para filhos, família, carreira e empresa. Como as mudanças no mundo corporativo e na sociedade são cada vez mais velozes, cresce a necessidade de líderes sensíveis para conduzir pessoas e processos. Muitos desses líderes iniciaram essa jornada em meio a fraldas e madrugadas mal dormidas, exercitando diariamente a gestão do tempo e da própria vida com mais responsabilidade e afeto.

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