Como minimizar a sazonalidade do turismo em Florianópolis

Como minimizar a sazonalidade do turismo em Florianópolis

Artigo escrito por Gilberto Bernardes Medeiros Junior

Um desafio que passa pelo incentivo às empresas.

  • Resumo

Este artigo trata de um tema deveras relevante: a questão da sazonalidade no setor turístico em Florianópolis. À medida que a investigação acontece, o problema se depara com possíveis soluções e oportunidades, como por exemplo, os programas de incentivo empresarial. O desafio é exponencial, mas acreditamos que passa pela tentativa de  reduzir os impactos da dita sazonalidade na capital catarinense, através de sistema de incentivo, bem como valorizando o que de mais precioso temos, como o cenário de natureza deslumbrante e propício para o desenvolvimento de várias atividades eco turísticas e turismo de aventura.

A proposta do Incentive Dayprogramas turísticos oferecidos pelas empresas aos seus colaboradores para desenvolver aptidões; como liderança, empatia, resiliência, espírito em equipe, entre outros – mostra-se como uma alternativa viável e que foi explorada e detalhada ao longo do artigo. Diante deste contexto, acreditamos em soluções criativas e factíveis, como a  oportunidade de mesclar os propósitos do ambiente corporativo com atividades de lazer e turismo de aventura, a fim de alcançarmos melhores resultados.

 

1.1 Abstract

This article deals with a very relevant topic: the question of seasonality in the tourist sector in Florianópolis. As the investigation proceeds, the problem is faced with possible solutions and opportunities, for example, business incentive programs. The challenge is exponential, but we believe that it involves trying to reduce the impacts of this seasonality in the capital of Santa Catarina, through an incentive system, as well as valuing the most precious we have, such as the scenery of a dazzling nature and conducive to the development of several eco tourist activities and adventure tourism.

The Incentive Day proposal – tourist programs offered by companies to their employees to develop skills; such as leadership, empathy, resilience, team spirit, among others – it shows itself as a viable alternative that was explored and detailed throughout the article. In this context, we believe in creative and feasible solutions, such as the opportunity to mix the purposes of the corporate environment with leisure activities and adventure tourism, in order to achieve better results.

 

2.0 Introdução

O mercado turístico da Grande Florianópolis sofre todos os anos com a sazonalidade que periodicamente interfere no desenvolvimento do setor turístico. Segundo dados obtidos no site da ABIH-SC, a taxa da ocupação hoteleira no ano de 2018 tem seu ápice nos meses de janeiro a abril, sendo que é normalmente a partir do mês de maio que o setor passa a sofrer o impacto da sazonalidade.

Importante reforçar que a sazonalidade à qual nos referimos é um fenômeno marcado pela instabilidade entre oferta e demanda em determinados períodos do ano.  E isso afeta diretamente a economia de qualquer cidade. Neste período, os hotéis registram uma baixa de até 50% em suas reservas. Tal situação pode ser vivenciada por todo o setor turístico da Grande Florianópolis.

As agências de turismo receptivo correspondem a um dos setores mais afetados nesta época. Quando há poucos turistas na região, suas atividades passam a ser focadas nos moradores locais e eventos. Ocorre que a mudança não é tão simples e muitas vezes este público não consegue enxergar, mensurar, nem tampouco reconhecer a importância dos serviços a eles prestados. Uma coisa é certa. Qualquer que seja a solução, passa pela necessidade de se reinventar e criar novidades atrativas neste intervalo ao qual chamamos de baixa temporada. Uma questão de sobrevivência, uma vez que se não levado a sério e negligenciado enquanto impacto, gera prejuízos exponenciais, sendo um verdadeiro círculo vicioso que afeta todos que de alguma forma participam deste segmento.

Bem sabemos que o setor de turismo sofre abalo a nível econômico, social, cultural e ambiental, tendo em vista que as empresas ligadas a ele são afetadas pela sazonalidade do destino, que no caso de Florianópolis, é conhecido nacional e internacionalmente como local de sol e praia. Esse relevante fator faz ainda com que o destino deixe de ser atrativo nas épocas mais frias do ano, ocasionando uma baixa na procura drasticamente.

Diante deste cenário, levantamos a possibilidade de ter um olhar para o ambiente corporativo da região, como hipótese parcial de uma possível solução, capaz de alterar o quadro. E por quê? Ocorre que é sabido que a região conta com ambiente propício para o desenvolvimento de atividades e passeios que vão ao encontro de aptidões necessárias a serem trabalhadas e cada vez mais exigidas no ambiente corporativo em geral.

Diante do exposto, O OBJETIVO GERAL deste estudo é retratar o cenário atual de turismo em Florianópolis e Grande Florianópolis, buscando dados que demonstrem o impacto da sazonalidade no negócio do turismo e, principalmente, apresentar alternativas viáveis para equilibrar esse período visto como problemático hoje.

Para alcançar o objetivo proposto, os OBJETIVOS ESPECÍFICOS foram organizados da seguinte forma:

  1. Apresentar alternativas que reduzam a sazonalidade;
  2. Propor quebra de paradigmas, mostrando que é possível lidar com esse período de baixa, com soluções criativas e viáveis financeiramente;
  3. Oferecer algo que esteja diretamente ligado às necessidades latentes das organizações, no que tange ao desenvolvimento das equipes, vinculado às oportunidades oferecidas em Florianópolis e Grande Florianópolis.

 

3.0 Metodologia

 O presente artigo segue a metodologia de estudo de caso: turismo em Florianópolis, através de pesquisa que usou recursos de entrevistas estruturadas de dados primários, no formato qualitativo e quantitativo, além de pesquisa bibliográfica de instituições ligadas ao setor turístico.

4.0 Contextualização

 4.1 –  Contexto do turismo em Santa Catarina & Grande Florianópolis

O Estado de Santa Catarina é um cenário natural privilegiado e propício para o turismo.  Possui em sua área uma geografia diversificada que nos contempla com diversos tipos de paisagens, da serra ao mar. Segundo a Fecomércio de SC, o turismo é uma das vertentes principais da economia catarinense, representando hoje 10% da geração de riqueza do estado. O potencial de crescimento que surge desse ramo é capaz de produzir um ciclo virtuoso na economia, assegurando a geração de postos de trabalho e aquecendo toda a cadeia: indústria, comércio e serviço.

De acordo com a SANTUR, a cidade de Florianópolis ocupa a segunda posição na preferência entre as cidades brasileiras mais visitadas pelos turistas. A capital catarinense é reconhecida por belas praias e um dos destinos mais cobiçados para desfrutar da temporada de verão (dezembro a março).

As variações na demanda provocam alterações nos bens e serviços ofertados na economia, visto que implicam em uma maior ou menor eficiência, uma vez que os custos aumentam em períodos de maior demanda, devido a restrições de capacidade (PINDYCK; RUBINFELD, 2010).

Na opinião do presidente da Fecomércio/SC, Bruno Breithaupt, “Santa Catarina é bem avaliada pelos visitantes, mas o turismo no Estado precisa ser potencializado, pensando nos próximos anos”. O fato de o turismo representar 12,5% do PIB (Produto Interno Bruto) catarinense torna tal afirmação ainda mais relevante, tendo em vista o potencial do Estado.

Ainda sobre o potencial turístico de Santa Catarina, lembramos que o mesmo se destaca nas 12 regiões turísticas com os mais diversificados tipos de atrativos no Brasil. São elas: o Caminho dos Canyons, Caminho dos Príncipes, Caminhos da Fronteira, Caminhos do Alto Vale, Costa Verde & Mar, Encantos do Sul, Grande Florianópolis, Grande Oeste, Serra Catarinense, Vale das Águas, Vale do Contestado e Vale Europeu.

Dentre estas regiões, temos os pontos mais visitados, como o Beto Carrero World – maior parque temático da América Latina – que está localizado em Penha/SC. Já em Blumenau há a Oktoberfest, evento de origem alemã que atrai milhares de turistas; Balneário Camboriú e Florianópolis representam os roteiros de sol e praia que mais fazem sucesso na temporada de verão. E não podemos esquecer-nos da Serra Catarinense que também atrai os turistas devido às baixas temperaturas e a majestosa Serra do Rio do Rastro que encanta por suas curvas.

Com tudo isso, não fica difícil entender o porquê de Santa Catarina ter conquistado pela 11ª vez, o título de “Melhor Estado para Viajar no Brasil”. Já a Revista Viagem & Turismo da Editora Abril promoveu o 17º Prêmio “O Melhor de Viagem e Turismo 2018/2019”, onde Florianópolis foi escolhida como melhor cidade e melhor destino de praia do país.

Motivo de comemoração também, saber que Santa Catarina será um dos Estados beneficiados pelo “Programa Investe Turismo do Governo Federal” com foco num amplo pacote de investimentos, incentivos a novos negócios, acesso ao crédito, melhoria de serviços, inovação e marketing, voltados para o setor de turismo. O programa tem como objetivo acelerar o desenvolvimento, qualidade e competitividade em 30 Rotas Turísticas Estratégicas do Brasil. Destas rotas, dezenove estão na “Serra ao Mar de Santa Catarina”, entre eles, Florianópolis, Joinville, Balneário Camboriú, Porto Belo, Itajaí, Timbó e Pomerode. Um dos pontos de destaque do referido programa é justamente o fato dele “visar a estruturação dessas rotas, para que a gente consiga fazer a promoção de cada uma delas, levar qualificação profissional aos trabalhadores do setor e sobretudo atrair investimentos que sejam de pequeno, médio ou grande porte, visando dar uma estrutura menor no recebimento do turista” afirmou o Ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio, durante a abertura do 32º Encontro Catarinense de Hoteleiros (Encatho) realizado em Florianópolis em agosto / 2019.

Figura 1[1]

 

 

4.2- Pesquisa com influenciadores

Consideramos relevante conversar com profissionais que atuam no setor turístico de Florianópolis há algum tempo e têm experiência e expertise para poderem opinar a respeito da questão da sazonalidade, bem como oferecer idéias, alternativas ou, simplesmente, tecer considerações a respeito do impacto da mesma nos negócios. Veja o resultado da investigação, a qual foi realizada com 14 respondentes, no método quantitativo e qualitativo, por whatsapp, na data 05.12.2019.

Perfil dos entrevistados: Profissionais do setor de turismo (hoteleiros, guias de turismo, transportadores e organizadores de eventos).

sazonalidade por jornal o estado

impacto da sazonalidade no negócio

 

 

3- Os entrevistados que responderam SIM, comentaram que suas ações giraram em torno de  divulgação em redes sociais, compartilhamento via WhatsApp, desenvolvimento de novos produtos, ações promocionais para moradores, mudança de foco, ou seja, passaram a investir em outros mercados neste período, programas visando gastronomia e valorização da história da cidade\região, foco na observação das baleias e golfinhos e um olhar diferenciado para as comunidades do entorno, com foco no artesanato e culinária local.

4- Perguntamos aos entrevistados se conheciam algum destino que havia feito um trabalho diferenciado capaz de minimizar o problema da sazonalidade. As respostas variaram entre Gramado (RS), que criou o Natal Luz, estendendo-se até final de janeiro, o estado da Bahia, Bariloche, com opções fora da temporada de neve, Imbituba (SC), com a Semana Nacional da Baleia Franca, Pomerode (SC), Balneário Camboriú (SC), Urubici (SC), com uma série de eventos e festivais no seu calendário e a força das agências catarinenses para venderem pacotes de inverno para a Serra Catarinense.

atividades para reduzir a sazonalidade

6.Os respondentes que disseram já ter realizado alguma atividade para o público corporativo, responderam o seguinte:

Atividades turísticas e recreativas focadas na união e motivação de equipes dos contratantes, treinamentos ao ar livre, com Teal, churrascos e almoços comemorativos, passeios em geral, ações promocionais voltadas a este público e divulgadas no aeroporto e rodoviária ou eventos específicos promovidos pela Acif.

7. Sobre sugestões e idéias para minimizar o problema da sazonalidade ou mesmo tornar o destino mais atrativo para o mercado corporativo, registramos o que segue:

– Agências de turismo em receptivo e locais precisam atuar de modo mais unido em divulgações junto a representantes no turismo, como ABAV, Braztoa e promover ação como as da FIMTUR e até mesmo da própria Braztoa e mostrar que temos atividades o ano todo;

– A cidade de Florianópolis precisa sediar mais eventos;

– Necessário trabalho junto aos moradores no inverno, como passeios para este público nos  destinos de frio, como a Serra Catarinense;

– Importante sediar e realizar eventos que não tenham nada a ver com praia;

– Investir em melhorar acessibilidade;

– Diversificar o ramo;

– Criar roteiros para observar baleias no sul da Ilha;

– Sugestão da criação de um roteiro de integração entre a ilha e a grande Florianópolis, além de turismo rural, “encurtando” a distância entre litoral e serra;

– Elaborar e vender destinos na Serra Catarinense, como trilhas e esportes, turismo de aventura e eco Turismo em estações contrárias ao verão;

– Melhorar a acessibilidade e segurança no percurso a pé para o Centro Sul, em ações conjuntas do Trade;

– E por último, e não menos importante, sugere-se que as agências de turismo dediquem-se a não oferecer Florianópolis somente como sol e praia, mas também olhando para seus ricos patrimônios históricos e culturais.

 

4.3- Ambientes corporativos, motivação & meritocracia

Santa Catarina apresenta uma diversidade de clima, paisagens e relevo, que estimula a diversificação e sustentabilidade da economia do Estado. Da agricultura ao turismo, atrai investidores de segmentos distintos e permite que a riqueza não fique concentrada em apenas uma área.

A região Norte é pólo tecnológico, moveleiro e metal-mecânico. Já o Oeste concentra atividades de produção alimentar e de móveis, vestuário, plásticos descartáveis, carbonífero e cerâmico. No Vale do Itajaí predomina a indústria têxtil, do vestuário, naval e tecnologia. Há ainda, no Planalto Serrano, a força da indústria de papel e celulose.

Quando analisamos a realidade da Grande Florianópolis, vemos destacarem-se os setores de tecnologia, turismo, serviços e construção civil. Mas independente desta fotografia da indústria em cada região, é sabido que o turismo é de fato, um dos pontos fortes da economia catarinense.

O cenário aqui descrito faz também com que o estado de  Santa Catarina se destaque quanto a abertura de novas empresas, conforme dados da Junta Comercial de Santa Catarina que aponta que o número de empresas criadas cresceu 11%  desde 2017. Atualmente, são 134 mil empresas no Estado.

Tantas organizações concentradas num estado rico em beleza natural representam, no mínimo, um celeiro de oportunidades. São milhares de profissionais colocados nas mais diversas empresas, onde milhares de gestores assumem papeis de liderar, motivar, engajar, garantir que suas equipes conduzam as referidas empresas ao resultado. Promover um ambiente organizacional propício ao desenvolvimento e que impacte na retenção de talentos e controle das taxas de turn over, acaba por ser um aspecto comum à grande maioria destas organizações, independente da área de atuação. Pesquisa realizada recentemente pelo portal Trabalhadores.com revela que para 52% dos entrevistados, o bom ambiente de trabalho é o principal motivador, assim como o bom relacionamento com colegas e gestores. Ambos os aspectos que influenciam na motivação e comportamento proativo dos colaboradores.

Outra fonte de informação que vale compartilhar é fruto de uma investigação realizada com 1000 profissionais pela Global Force Study em 2014 (Fonte: Towers Perrin Global Workforce Study) e foi reveladora. A investigação foi feita no Brasil e objetivou traduzir as percepções da força de trabalho sobre o que está certo e errado no ambiente de trabalho hoje e como as atuais práticas de recursos humanos afetam três premissas: a escolha do emprego, o desejo de ficar na organização e o comprometimento com o alto desempenho. Quanto aos fatores de atração, são as oportunidades de crescimento (1°lugar) e oportunidade de desenvolvimento profissional (2°lugar) que se destacaram. Já no item “Desejo de permanecer na organização”, a clareza sobre o que a empresa pensa do colaborador e o espaço para se manifestar, dar opinião e dizer o que pensa, ficaram em 1° e 2° lugar respectivamente. E, por fim, no que tange ao fator engajamento, foi de novo, a oportunidade de crescimento profissional e de aprender coisas novas, que ficou em primeiro lugar seguido pela boa reputação da empresa empregadora no mercado.

Apesar dos números e indicadores, pode causar estranheza para alguns, o tema ambiente corporativo se fazer presente num artigo, cujo ponto focal seja a sazonalidade enfrentada por Florianópolis em determinadas épocas do ano. Por isso vamos clarificar:

Florianópolis já é um destino turístico famoso e atrativo. Um lugar especial, com belezas naturais, muito sol e calor, que atrai turistas de diferentes faixas etárias e classes sociais, todos os anos. Um lugar, no nosso entendimento, perfeito para a prática de atividades ao ar livre, desafios em contato com a natureza, que, mais do que divertirem os turistas nas férias, torna-se opção recomendada para eventos corporativos, reuniões empresariais, convenções, workshops, enfim, uma diversidade de alternativas para organizações preocupadas em oferecer algo diferente e motivacional aos seus colaboradores.

Vale ressaltar ainda que, com todo este cenário retratado, Santa Catarina vem se destacando na abertura de novas empresas, conforme dados da Junta Comercial do Estado. A pesquisa aponta que o número de empresas criadas cresceu 11% desde 2017. Atualmente, são 134 mil empresas constituídas.

A questão é: independente do porte, as empresas, através das suas lideranças, bem sabem que  manter as equipes motivadas, engajadas, com foco em resultado, é condição sine qua non de sucesso. Negligenciar o fato de que colaboradores são imbuídos do desejo de performar mais e melhor, quando reconhecidos e recompensados, é fechar os olhos para uma situação que se faz realidade no ambiente corporativo como um todo. O desafio é o como. O ser humano, por essência, sente-se valorizado e satisfeito através de elogios, tratamento respeitoso por parte das lideranças, possibilidades de crescimento e desenvolvimento com vias a projetar um futuro mais promissor no mercado. Tudo isso exerce um papel importante na motivação, retenção dos talentos e maior possibilidade de ter equipes de alta performance. Tal afirmação nos remete a compreensão do conceito da meritocracia. De acordo com o blog Toda a Matéria[2], “Meritocracia significa que todo indivíduo é capaz de prosperar somente com suas capacidades sem precisar da ajuda da sociedade, Estado ou família”. Uma outra linha de pensamento, publicada no blog SB Coaching[3], diz que

A meritocracia é um tipo de gestão que busca promover e premiar funcionários que apresentam os melhores índices de desempenho, ou seja, se trata de um sistema que almeja valorizar os melhores talentos e permitir que os colaboradores cresçam dentro da organização. Com essa mentalidade, não é apenas o funcionário que sai ganhando. A empresa também se beneficia da prática, já que pode levar aos postos mais altos os profissionais mais qualificados.

Não há unanimidade quanto ao tema, o que é natural, visto que há muita relação com a cultura organizacional, com a essência e valores da empresa que a leva a adotar ou não tal formato de avaliação e premiação de funcionários. O conceituado portal Mundo do Marketing[4] possui uma publicação sobre o tema, afirmando que

A meritocracia está ligada, por exemplo, ao estado burocrático. Colaboradores das empresas são selecionados de acordo com sua capacidade. Ou seja, tem sua posição definida pelo seu mérito pessoal, ou em caso dos líderes, pelo resultado da equipe. É importante reconhecer os funcionários e aplicar benefícios a partir de suas ações. É isso que chamamos de meritocracia nas empresas. Com isso,  garante-se maior engajamento por parte dos colaboradores, que se sentem importantes para o crescimento da empresa. Com atenção cada vez maior nos funcionários, as empresas estão ganhando verdadeiros aliados para o seu crescimento. Todos trabalhando com um só foco e objetivo para que conquistem resultados.

Partindo do pressuposto que Santa Catarina tem mais de cem mil empresas cadastradas e que só Florianópolis possui 3.769 cnpjs nas mais diversas áreas e segmentos, identifica-se aí uma oportunidade e tanto para tornar a já atrativa capital turística, numa cidade em condições ideais para eventos corporativos e parte de um sistema de recompensa de equipes de alta performance.

Na Grande Florianópolis são mais de 534 hotéis e pousadas, 4.601 restaurantes e múltiplas opções de atividades outdoor que serão alvo de comentário na seqüência do artigo.

 

5.0 Atratividade para as empresas

 Abordamos o fato de Santa Catarina ser um estado pujante, rico, diversificado em termos de indústrias, serviços das mais variadas modalidades. Evidenciamos o crescente número de novas empresas instaladas tanto em Florianópolis, como na totalidade do estado. Reforçamos o quanto a capital, conhecida por Ilha da Magia se apresenta como opção de destino turístico na alta temporada, oferecendo beleza natural e programações variadas a quem busca descanso e diversão. Demonstramos a preocupação com a questão da sazonalidade e a baixa nos indicadores econômicos e negócios do turismo, no período em que o sol e o mar não exercem tamanha atratividade como no tempo de calor. Transitamos pelo universo do ambiente corporativo, pontuando o quanto as empresas precisam estar sempre atentas à motivação e engajamento dos colaboradores, encontrando múltiplos recursos para comemorar, recompensar, reconhecer ou simplesmente ritualizar os encontros de negócios em um ambiente convidativo e propício para tratar de temas importantes, estabelecerem metas, pensar no presente e futuro das companhias. Deste modo, dedicaremos tal capítulo a apresentar objetivamente as principais possibilidades que Florianópolis oferece para eventos corporativos e atividades indoor e outdoor, onde é possível trabalhar diretamente inúmeras competências e habilidades exigidas hoje no ambiente corporativo, tanto para líderes, como para equipes no geral, tais como: resiliência, gestão do tempo, atitude, gestão de pessoas, visão sistêmica, empatia, inteligência emocional, trabalho em equipe, etc.

A região conta com estrutura para diversos tipos de eventos. A cada ano a rede hoteleira vem se aprimorando, buscando excelência para atender os mais diferentes públicos que cada vez mais se dirigem ao nosso destino. A capital catarinense conta também  com várias opções para a realização de eventos. Dentre eles destaca-se o Centro de Convenções Centro Sul com 16.560 metros de área construída, podendo acomodar 3.500 pessoas sentadas 13.000 nos salões de exposições.

Há ainda uma gama expressiva de empresas que organizam eventos na cidade, em diversos  seguimentos que vão desde eventos sociais até outros que trabalham com nichos específicos. A capital catarinense está entre os destinos mais procurados para destination weddin. Encontra-se na cidade também, eventos técnicos científicos, eventos esportivos como o Iron Man (que é uma etapa classificatória aonde o campeão vai para o circuito mundial), entre outros eventos de muitas outras categorias. Como podemos observar, a cidade possui definitivamente, estrutura e profissionais capacitados para atender os mais diversos tipos de eventos.

Devido ao fato do destino ser naturalmente propício para atividade de turismo de aventura e ecoturismo, surgiram ao longo dos anos, inúmeras empresas especializadas nesse tipo de serviço, o que é mais um elemento que vem agregar ao que é hoje oferecido em Florianópolis.

 

5.1- Um caminho possível: Incentive Day

Em sua obra prima – Administração de Marketing, Philip Kotler aborda o  tema “demanda”, onde explica, entre outros conceitos, o que é “demanda latente”. Para ele, trata-se de uma forte vontade do mercado por determinado produto ou serviço. O papel do Marketing nesse caso, na opinião do autor, é verificar o potencial de cada mercado e desenvolver produtos ou serviços que o atendam. Foi com base nesta proposição que idealizamos o Incentive Day.

De acordo com o cenário exposto, desenvolvemos um novo produto segmentado para o setor turístico: o Incentive Day ou turismo de incentivo, que são viagens e programas turísticos oferecidos pelas organizações aos seus colaboradores, fornecedores, parceiros ou clientes, como prêmio por cumprimento de metas ou por algum desempenho de destaque. Há, nesse caso, a intermediação de um agente, um organizador.

O Incentive Day é reconhecido pelo seu posicionamento inovador e propósito maior de contribuir com as empresas, na busca por resultados superiores, através de eventos corporativos combinados com turismo e aventura.

O contratante tem condições de oferecer ao seu público interno ou externo, uma experiência de viagem, que tem se demonstrado uma poderosa ferramenta para motivar, reconhecer e fortalecer os laços entre as partes.

Veja o que é de fato ofertado num programa de Incentive Day:

Há versões individuais, que foram desenvolvidas para que a empresa possa presentear um cliente ou colaborador que se destacou. Para esta modalidade, criou-se um roteiro personalizado para atender o colaborador e proporcionar a ele  uma experiência única.

Já para os grupos, o Incentive Day se coloca como  uma forma de motivar os participantes e reconhecer os esforços realizados pelo grupo. Neste roteiro, comumente, estão inclusas palestras de temas de interesse das empresas, cursos presenciais com profissionais qualificados e especialistas em temas também convergentes com as demandas do ambiente corporativo e ainda, atividades indoor e outdoor. A programação costuma focar no desenvolvimento do espírito de equipe, podendo ser dentro de uma convenção para apresentar os resultados da companhia e projetar novas metas ou ainda numa comemoração de aniversário da empresa, um encontro de final de ano, entre tantas outras possibilidades.

5.2 –  Vantagens do Turismo de Incentivo

Dentre as inúmeras vantagens do turismo de incentivo, está o fato deste proporcionar uma experiência única e marcante! Todas as imagens que retratam a experiência podem ficar guardadas na memória, prolongando a satisfação e aprendizado, sensações e boas recordações. Por outro lado, premiações unicamente monetárias são incorporadas ao orçamento e logo são esquecidos. E como esta premiação está vinculada aos resultados, o investimento pode ser facilmente distribuído entre as metas que se almeja alcançar.

De acordo com Anthony e Govindarajan (2007), os Sistemas de Incentivos devem, por um lado, influenciar o comportamento dos colaboradores e, por outro lado, alinhar os objetivos pessoais dos colaboradores com objetivos da organização.

Entretanto, tornar o Incentive Day atrativo no ambiente corporativo pressupõe um esforço comercial, prospecção ativa feita por equipe devidamente treinada, argumento focado nestas vantagens e benefícios do produto, além da clareza sobre o que a empresa tem a ganhar. Por exemplo: É mais do que uma excursão para um lugar paradisíaco. Vai além. Diz respeito à oportunidade de trabalhar a retenção de talentos e motivação dos colaboradores através de alternativas que fogem do convencional e garantem uma experiência única, inesquecível e capaz de promover reflexões, insights, sentimentos positivos e, principalmente, mudança comportamental, quando vinculado aos objetivos da companhia.

 

6.0 Considerações Finais

De um lado está Florianópolis. Cidade reconhecida pelas belezas naturais, destino de milhões de turistas na temporada de altas temperaturas. Local bem servido de hotéis e centro de eventos, cuja ocupação e aproveitamento pode ser considerada aquém da sua capacidade e aporte. Do outro lado temos as empresas instaladas não apenas em Florianópolis, mas no Continente e nas cidades próximas como Itajaí, Balneário, Penha, Brusque, Blumenau, Joinville, Jaraguá do Sul e tantos outros municípios que servem de sede para organizações sólidas e de crescimento contínuo nos últimos anos, independente de crise política ou econômica. Empresas estas que têm inserida na sua rotina, a necessidade de manter as equipes motivadas, com foco em resultado, organizar seus eventos internos, encontros corporativos e demais demandas da agenda anualmente. No centro destas duas realidades, um problema: a sazonalidade. O momento de baixa que tanto afeta a vida da capital catarinense e prejudica a saúde financeira de empresas ligadas ao turismo direta ou indiretamente.

Certamente não há uma solução, um caminho único e milagroso. Há, outrossim, múltiplas possibilidades de reverter a questão, que passam principalmente, pela parceria entre iniciativa privada e poder público, para que juntos elenquem as prioridades, analisem o que é viável e formatem um plano de ação efetivo, cuja execução envolva profissionais de diferentes setores ligados ao turismo. A expressão “parcerização” está em voga para determinar diversas formas de parceria e no portaldomarketing[5] diz respeito a “Processo de conhecimento mútuo e aceitação, pelo qual duas empresas devem passar para estarem realmente integradas, visando mesmos objetivos”. No presente artigo, não estamos necessariamente falando de duas empresas, mas de duas pontas, onde os interesses podem ser convergentes.

Na metodologia que nos levou a entrevistar profissionais ligados ao setor turístico em Florianópolis, foi possível observar que muitas ações já foram desenvolvidas com o intuito de tornar a cidade mais atrativa durante o inverno. Assim que não estamos de modo algum alegando que nada acontece ou  que não houve qualquer iniciativa desta ordem. Bem sabemos das dificuldades e reconhecemos todas as tentativas de investir nesta quebra de paradigma, ou seja, de que o destino tem atratividade apenas no período de calor.

Ao darmos ênfase ao Incentive Day, estamos apenas apresentando mais uma, entre tantas outras oportunidades de atrair um número maior de pessoas para a ilha, ao longo do ano. Colaboradores atuantes nas empresas da região próxima, onde há a necessidade latente de realizar eventos, convenções, encontros regionais e onde, caso entendam como prioridade e tenham cultura voltada à meritocracia, podem utilizar Florianópolis e seus atrativos, de um modo organizado, com agenda pré-concebida, envolvendo muito mais do que passeios turísticos. Um leque variado de palestras, cursos e atividades conduzidas por psicólogos, consultores e profissionais de marketing, garantem consistência, carga  motivacional, além do necessário  suporte em logística e hospedagem.

Falta certamente ampliar a divulgação, prospectar empresas com perfil para este fim, alimentar leads com inbound de qualidade, investir no marketing digital, enfim, alcançar um número representativo de prospects que tenham chance de conversão.

A priori, estamos nos referindo à força do marketing. O marketing que vende ou que deveria vender Florianópolis no inverno ou, por que não, o ano todo. Qualquer que seja o caminho escolhido, ele passa por uma estratégia de marketing bem sucedida. Peter Druker[6], em 1954, disse que “marketing era uma força poderosa a ser considerada pelos administradores”, enquanto Robert Hass[7], em 1974, afirmou que “ Marketing é o processo de descobrir e interpretar as necessidades e os desejos dos consumidores para as especificações de produtos e serviços, criar a demanda para esses produtos e serviços e continuar a expandir sua demanda”. E finalmente, não poderíamos deixar de citar Philip Kotler, que no seu livro Administração de Marketing, afirma que “A administração de marketing é a arte e a ciência de escolher mercados-alvo e obter, reter e multiplicar clientes por meio da criação, da entrega e da comunicação de um valor superior para o cliente”. [8]

Em suma, o que as empresas mais querem? Na nossa observação: clientes satisfeitos, lucratividade e colaboradores engajados e comprometidos com o resultado. Algo que o Incentive Day pode contribuir significativamente, conforme comentado ao longo do artigo, inclusive se utilizando de indicadores qualitativos e quantitativos, a fim de medir e monitorar o grau de satisfação dos participantes do início ao fim da sua jornada.

7.0 Referências Bibliográficas

KOTHER, Philip e KELLER, Kevin. Administração de Marketing. São Paulo: Pearson Education do Brasil, Ed. 14, 2013.

ANTHONY, R., e GOVINDARAJAN, V. (2007), Management Control Systems. 12ª Edição. McGraw – Hill Internacional Edition.

GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. Economia de Santa Catarina é rica e diversificada. Disponível em https://www.sc.gov.br/index.php/conhecasc/economia. Acesso em: 10 jan. 2020.

SINDIFISCO. 43 empresas de SC estão entre as maiores do país. Disponível em

http://www.sindifisco.org.br/noticias/43-empresas-de-sc-estao-entre-as-maiores-do-pais Acessado em 10 jan. 2020.

 

ABIH-SC. Um olhar otimista para o turismo. Disponível em

http://www.abih-sc.com.br/um-olhar-otimista-para-o-turismo/ Acessado em: 10 jan. 2020.

 

ENCATHO & EXPROTEL. Abertura oficial Encatho 2019. Disponível em http://encatho.com.br/abertura-oficial-encatho-2019/  Acessado em: 10 jan. 2020.

[1] https://www.google.com/url?sa=i&source=images&cd=&ved=2ahUKEwj2rbv479vmAhWLKLkGHbbkBVkQjRx6BAgBEAQ&url=https%3A%2F%2Fradiotangara.am.br%2Fsantur-atualiza-mapa-do-turismo-de-santa-catarina%2F&psig=AOvVaw3C6dAZvd0LECyBOk8ujdnW&

 

[2] https://www.todamateria.com.br/meritocracia/

[3] https://www.sbcoaching.com.br/blog/meritocracia/

[4] https://www.mundodomarketing.com.br/artigos/redacao/5711/meritocracia-uma-proposta-para-endomarketing.html

[5] http://www.portaldomarketing.com.br/Dicionario_de_Logistica/P.htm

[6] Foi um escritor, professor e consultor administrativo de origem austríaca, considerado como o pai da administração moderna, sendo o mais reconhecido dos pensadores do fenômeno dos efeitos da globalização na economia em geral e em particular nas organizações.

[7] Robert L. Hass é um poeta americano. Ele atuou como poeta laureado dos Estados Unidos entre 1995 e 1997. Ganhou o National Book Award de 2007 e compartilhou o Prêmio Pulitzer de 2008 pela coleção Time and Materials: Poems 1997–2005. Em 2014, recebeu o prêmio Wallace Stevens da Academia de Poetas Americanos.

[8] KOTLER, Philip e KELLER, Kevin. Administração de Marketing (2013, p. 27).

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